Cresce investimento de brasileiros no balneário. País ocupa o 3º lugar no ranking de estrangeiros que compram imóvel na Flórida
G
ABRIELA VALENTE
Miami é um novo endereço de brasileiros que decidiram
investir em imóveis no exterior.
Tanto que já proliferam por aqui eventos realizados especialmente para a venda de imóveis, muitas vezes de luxo,no balneário americano.
Num desses, realizado na semana passada no Rio, foram fechadas vendas no valor de R$ 38 milhões, dos quais 40% se referem a gastos direcionados à compra da casa de praia.
Com preços variando entre US$ 400 mil e US$ 7 milhões
(de R$ 840 mil a R$ 15 milhões), apartamentos ofertados
pelo grupo Goldman Imóveis, em parceria com a Elite
Internacional, se dividem entre lançamentos e imóveis novos, em sua maioria, no bairro de Aventura, com vista para o mar.
Até a próxima quarta-feira, o evento, que também já
passou por São Paulo, deve chegar ainda a Belo Horizonte,
Porto Alegre e Manaus.
E a expectativa, segundo o diretor do grupo, Mendel Goldman, é chegar aos R$ 63 milhões negociados
em todas as cidades.
O brasileiro já ocupa o terceiro lugar do ranking de estrangeiros que compram imóveis na Flórida.
Fica atrás apenas do venezuelano e do argentino.
Mas, se normalmente os vizinhos querem proteger o
patrimônio das incertezas políticas de seus países, o brasileiro compra porque tem a quantia necessária.
São pessoas que transferiram sua casa de praia para os Estados Unidos ou pessoas de classe média
que querem investir.
Uma socialite brasiliense, que preferiu não ser identificada
(hábito comum entre compradores de imóveis lá fora),
adquiriu uma luxuosa cobertura em Miami, onde aproveita,
com a família, as regalias do condomínio cinco estrelas.
— É ótimo para receber os amigos que sempre passam
por lá — diz ela, que divide seu tempo entre Brasília e Flórida.
CRÉDITO FÁCIL PARA TURISTA
Quem não tem tanto dinheiro sobrando também pode aproveitar os financiamentos imobiliários
do sistema bancário americano.
Para ter acesso às taxas subsidiadas de 3% ao
ano, muito inferiores aos juros cobrados no Brasil, é preciso
apenas ter conta em um banco americano: coisa que pode ser feita até com visto de turista.
Empreendedores brasileiros, que já fincaram o pé em Miami
há mais tempo, perceberam todas essas facilidades e as
oportunidades que surgem com elas.
Pipocam sites oferecendo mordomias para atrair ainda mais compatriotas.
As sócias Cláudia Murad e Beatriz Nahuz são um exemplo
disso.
As duas mantêm uma imobiliária que vende, em média,
cinco apartamentos por mês, apenas para brasileiros.
Para fechar negócio, as sócias montaram um serviço diferenciado: oferecem assessoria jurídica para abrir uma empresa e tratar com o Fisco americano (o imposto sobre herança pode comer até metade do valor do
imóvel em apenas uma transação).
Além disso, fazem reservas em restaurantes, auxiliam
grávidas a comprarem enxoval de bebê, ajudam na escolha da melhor escola para os filhos na nova vizinhança.
— O custo de vida é muito barato aqui, apesar de o preço
dos imóveis ter aumentado nos últimos anos.
O metro quadrado é até 60% mais barato que no Brasil — garante Cláudia, que tem todos os argumentos
na ponta da língua para convencer o cliente.
Numa coisa a empresária está certa: é muito mais barato
comprar um apartamento em Miami Beach, principal endereço da cidade americana, do que no Rio, por exemplo. Para se tornar proprietário de 170 metros quadrados na beira da praia gringa, é preciso desembolsar, em dólares, algo equivalente a R$ 1,3 milhão.
Enquanto isso, um apartamento no Leblon, que tenha a mesma metragem, pode custar, em média, R$ 4,3 milhões.
UMA FLÓRIDA QUE É BRASILEIRA
A compra da segunda residência por lá se tornou tão comum
que, num site de vendas de imóveis daqui, a Flórida aparece
na lista de estados ao lado do Rio e Minas, como se fosse
mais um estado brasileiro.
— Muita gente aluga o imóvel por temporada, garantindo
uma renda, além de lucrar com o investimento, já que a valorização do imóvel é de 8% a 10%
— afirma Beatriz, que esteve recentemente em São Paulo
apenas para fazer palestras sobre os investimentos em imóveis nos Estados Unidos.
Segundo Beatriz, a maioria dos 70 possíveis compradores
convidados para um jantar de luxo num restaurante paulista
pretende fechar negócio.
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