quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Diabéticos


 Os hábitos alimentares inadequados, a falta de

atividade física e o tabagismo estão fazendo

o exército de diabéticos aumentar em proporções epidêmicas no Brasil.

O número de portadores da doença no País já supera, inclusive, as previsões feitas há dois anos para 2030, quando se esperava ter, daqui a 27 anos, 12,7 milhões de diabéticos.

Enquanto em 2010 o total de doentes era de 7,6 milhões, atualmente o cenário é bem pior: 13,4 milhões de brasileiros já desenvolveram a doença, 90% deles com a forma adquirida do problema que tem relação direta com o estilo de vida, o chamado

diabetes tipo 2.

Além de não relacionarem as práticas saudáveis de alimentação e estilo de vida ao controle da doença, os brasileiros seguem o caminho do esconhecimento.

A grande maioria, 87%,ainda acredita que evitar muito açúcar é a principal forma de prevenção e 23% nem mesmo fizeram algum teste na vida para

um diagnóstico.

Entre os que se arriscam a classificar a doença,

um terço não sabe identificar qual tipo de diabetes tem.

Os dados são da pesquisa “Diabetes: mude seus hábitos”, que mostra a percepção dos brasileiros

sobre o impacto causado pela doença e os seus riscos à saúde.

No estudo divulgado na terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

(Ibope), 1.106 pessoas foram entrevistadas em setembro nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Porto Alegre.

Entre o universo, 9% das pessoas se declararam diabéticas, número inferior à média nacional que é de 12%.

Entre o total de 1.106 pessoas entrevistadas, 48% tinham entre 18 e 39 anos; e 52%, acima de 40 anos.

Do universo ouvido, 46% eram homens; e 54% mulheres. Em termos de escolaridade, 22%

dos entrevistados tinham até a quarta série do ensino fundamental; 19% da quinta à oitava

série do ensino fundamental; 38% do ensino médio; e 22% tinham ensino superior.

Com o cenário atual, o Brasil saltou uma posição e passou de quinto para o quarto país do mundo em número de diabéticos, atrás apenas da China (92,3

milhões), da Índia (62 milhões) e dos Estados Unidos (26,1 milhões).“

O diabetes está em expansão no mundo todo. E a população doente pode ser ainda maior já que muitos ainda não têm o diagnóstico”, afirma o

presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Balduino Tschiedel.

Ele alerta para a necessidade de mudança de

vida tanto para quem tem a doença, quanto para quem é saudável.

“As pessoas ainda não se deram conta de que a mudança do estilo de vida é o grande instrumento

para prevenção e controle”, diz.

Dados da SBD mostram esse quadro. Pelo menos 80% dos diabéticos tipo 2 têm sobrepeso

ou obesidade.

Entre esses, apenas 26,8% estão com a doença

controlada. No tipo 1, quando a enfermidade é detectada na infância ou na adolescência

por insuficiência na produção de insulina, 10,4% mantêm os índices de glicose controlados.

É com o comportamento à mesa e com o incentivo à malhação que a campanha quer trabalhar.

“Queremos chacoalhar as pessoas para o fato de que atividade física regular, a alimentação

balanceada e a interrupção do fumo são alguns dos fatores primordiais para prevenção

do diabetes”, garante o vice- presidente da SBD, o endocrinologista Luiz Turatti.

De acordo com a pesquisa, 72% dos entrevistados não relacionaram o tabagismo como um dos fatores de risco para o diabetes ou mesmo para o agravamento da doença. E só 28% deles

fizeram ligação da prática regular de atividade física com o controle da doença. A maioria deles não pratica exercícios: 60% responderam não fazer ao

menos 30 minutos de atividades físicas diárias, incluindo as atividades durante o tempo livre

ou no trabalho; 18% garantiram praticar exercícios todos os dias da semana; 14% de uma

a três vezes; 7%, de quatro a seis dias na semana.

Entre os 1.106 abordados, 41% estavam no seu peso ideal; 32% com sobrepeso; 19% no

quadro de obesidade (com índice de massa corporal maior ou igual a 30); 1% abaixo do peso

ideal; 6% não souberam responder aos dados de altura e peso; e 2% se recusaram a responder.

Os cálculos foram feitos com base nas respostas autodeclaradas dos entrevistados.

Ao serem perguntados sobre alimentação, um dado chamou a atenção na pesquisa: 47% dos entrevistados responderam não ingerir frutas e vegetais diariamente.

Eles foram levados a lembrar dos últimos sete dias, e quantas vezes se lembravam de ter consumido esses alimentos, sendo que 4% responderam não

comer nem fruta nem vegetal nenhum dia da semana. Conscientização De agora até dezembro, a campanha vai levar informações

sobre diabetes em aeroportos, estações de metrô e em pecas publicitárias em ônibus.

“Além de informar, queremos desmitificar a doença e mostrar como é possível tratá-la com a dobradinha medicamentos e vida saudável. Não é preciso

ter medo do diabetes e sim saber conviver com o problema”, afirma Turatti.

Ao contratar a pesquisa ao Ibope, a Sociedade Brasileira de Diabetes quis avaliar o quanto a

população de fato já entende da doença, que atualmente mata mais que o trânsito e quatro vezes

mais que a Aids.

Entre 2000 e 2010, o diabetes matou mais de 470 mil pessoas no País. Luiz Turatti chama atenção ainda para a precocidade da doença.

“Entre os diabéticos, a grande maioria está nas faixas acima de 40 anos. Mas, vale lembrar, que

esse cenário está mudando rapidamente.

No Brasil, o número de portadores de diabetes mais

jovens, dos 30 aos 40 anos, vem aumentando a cada ano”, afirma o endocrinologista.

* A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Diabetes

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