quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Brasil esta Irreconhecível

O Brasil está irreconhecível. Nunca pensei que a incompetência casada com o delírio ideológico promoveria este caos. Há uma mutação histórica em andamento. Não é uma fase transitória; nos últimos 12 anos, os donos do poder estão a criar um sinistro "espírito do tempo" que talvez seja irreversível. A velha "esquerda" sempre foi um sarapatel de populismo, getulismo tardio, leninismo de galinheiro e agora um desenvolvimentismo fora de época. A velha "direita", o atraso feudal de nossos patrimonialistas, sempre loteou o Estado pelos interesses oligárquicos.
A chegada do PT ao governo reuniu em frente única os dois desvios: a aliança das oligarquias com o patrimonialismo do Estado petista. Foi o pior cenário para o retrocesso a que assistimos.
Antes dessa terrível dualidade secular, a mudança de agenda do governo FHC por sorte criou um pensamento mais "presentista", começando com o fim da inflação, com a ideia de que a administração pública é mais importante que utopias, de que as reformas do Estado eram fundamentais. Medidas simples, óbvias, indutivas, tentaram nos tirar da eterna "anestesia sem cirurgia". Foi o Plano Real que tirou 28 milhões de pessoas da pobreza e não este refrão mentiroso que os petistas repetem sobre o Bolsa Família ou sobre o PAC imaginário.
Foi um período renegado pelo PT como "neoliberal" ou besteiras assim, mas deixou, para nossa sorte, algumas migalhas progressistas.
Tudo foi ignorado e substituído pelo pensamento voluntarista de que "sujeitos da história" fariam uma remodelagem da realidade, de modo a fazê-la caber em suas premissas ideológicas. Aí começou o desastre que me lembra a metáfora de Oswald de Andrade, de que "as locomotivas estavam prontas para partir, mas alguém torceu uma alavanca e elas partiram na direção oposta".
Isso causa não apenas o caos administrativo com a infraestrutura morta, como também está provocando uma mutação na psicologia e no comportamento das pessoas. O Brasil está sendo desfigurado dentro de nossas cabeças, o imaginário nacional está se deformando.
Há uma grande neurose no ar. E isso nos alarma como a profecia de Lévi-Strauss de "que chegaríamos à barbárie sem conhecer a civilização". Cenas como os 30 cadáveres ao sol no pátio do necrotério de Natal, onde os corpos são cortados com peixeiras, fazem nossa pele mais dura e o coração mais frio. Defeitos e doçuras do povo, que eram nossa marca, estão dando lugar a sentimentos inesperados, dores nunca antes sentidas. Quais são os sintomas mais visíveis desse trauma histórico?
Por exemplo, o conceito de solidariedade natural, quase 'instintiva', está acabando. Já há uma grande violência do povo contra si mesmo.
Garotos decapitam outros numa prisão, ônibus são queimados por nada, com os passageiros dentro, meninas em fogo, presos massacrados, crianças assassinadas por pais e mães, uma revolta sem rumo, um rancor geral contra tudo. O Brasil está com ódio de si mesmo. Cria-se um desespero de autodestruição e o País começa a se atacar.
Outro nítido efeito na cabeça das pessoas é o fatalismo: "É assim mesmo, não tem jeito não". O fatalismo é a aceitação da desgraça. E vêm a desesperança e a tristeza. O Brasil está triste e envergonhado.
Outro sintoma claro é que as instituições democráticas estão sem força, se desmoralizando, já que o próprio governo as desrespeita. Essa fragilização da democracia traz de volta um desejo de autoritarismo na base do "tem de botar para quebrar!". Já vi muito chofer de táxi com saudades da ditadura.
A influência do petismo também recriou a cultura do maniqueísmo: o mal está sempre no outro. Alguém é culpado disso tudo, ou seja, a 'media conservadora' e a oposição.
A ausência de uma política contra a violência e a ligação de muitos políticos com o tráfico estimula a organização do crime, que comanda as cadeias e já demonstra uma busca explícita do horror. A crueldade é uma nova arte incorporada em nossas cabeças, por tudo que vemos no dia a dia dos jornais e TV. Ninguém mata mais sem tortura. O horror está ficando aceitável, potável.
O desgoverno, os crimes sem solução, a corrupção escancarada deixam de ser desvios da norma e vão criando uma nova cultura: a cultura da marginalidade, a "normalização" do crime.
Uma grande surpresa foi a condenação da Copa. Logo por nós, brasileiros boleiros. Recusaram o 'pão e circo' que Dilma/Lula bolaram, gastando mais de 30 bilhões em estádios para "impressionar os imperialistas" e bajular as massas. Pelo menos isso foi um aumento da consciência política.
Artistas e intelectuais não sabem o que pensar - como refletir sem uma ponta de esperança? Temos aí a "contemporaneidade" pessimista.
Cria-se uma indiferença progressiva e vontade de fuga. Nunca vi tanta gente falando em deixar o País e ir morar fora. As mutações mentais são visíveis: nos rostos tristes nos ônibus abarrotados, na rápida cachaça às 6 da manha dos operários antes de enfrentar mais um dia de inferno, nos feios, nos obesos, no desânimo das pessoas nas ruas, no pessimismo como único assunto em mesas de bar.
Vimos em junho passado manifestações bacanas, mas sem rumo; contra o quê? Um mal-estar generalizado e sem clareza, logo escrachado pelos black blocs, a prova estúpida de nosso infantilismo político.
É difícil botar a pasta de dente para dentro do tubo. Há uma retroalimentação da esculhambação generalizada que vai destruindo as formas de combatê-la. Tecnicamente, não estamos equipados para resolver as deformações que se acumulam como enchentes, como um rio sem foz.
E o pior é que, por trás da cultura do crime e da corrupção, consolida-se a cultura da mentira, do bolivarianismo, da preguiça incompetente e da irresponsabilidade pública.
O Brasil está sofrendo uma mutação gravíssima e nossas cabeças também. É preciso tirar do poder esses caras que se julgam os "sujeitos da história". Até que são mesmo, só que de uma história suja e calamitosa.


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quarta-feira, 14 de maio de 2014

IPCA

O IPCA apresentou variação de 0,67% em abril (0,92% em março), resultado que ficou abaixo de nossa projeção e da mediana das expectativas de mercado
(0,80% e 0,79%, respectivamente), mas próximo da mediana das expectativas formada há cerca de um mês na pesquisa Focus/BC (0,65%). 

Este resultado reduz a expectativa para o IPCA do ano na pesquisa Focus/BC de 6,50% para 6,36%. 
O desvio em relação à nossa projeção se concentrou na alta dos alimentos. 
Com este resultado, a taxa acumulada em 12 meses do IPCA elevou-se de 6,15% em março para 6,28%.
Os preços administrados subiram 0,77% (0,02% em março), enquanto os preços livres variaram 0,64% (1,20%). 

Dentre os administrados, destaque a influência parcial dos reajustes na conta de energia elétrica em diversas
regiões (BH de 14,2%, POA de 28,9%, FOR de 16,6% e SAL de 14,7%), além do reajuste anual dos remédios e da água e esgoto em algumas regiões metropolitanas. 

Dentre os preços livres, destaque para a desaceleração da
alta dos alimentos, puxada pelos produtos in natura, além da reversão da alta das passagens aéreas de 26,5% em março para a queda de 1,9%.
Os núcleos da inflação recuaram para nível próximo ao da média histórica do mês. 

A média dos três conceitos utilizados pelo BC (exclusão de itens mais voláteis, médias aparadas com suavização e dupla ponderação) atingiu 0,54% (0,59% em março). 
A taxa acumulada em 12 meses da média dos núcleos manteve a trajetória de elevação e registrou pequena alta, de 6,34% para 6,36%, mantendo-se em nível elevado. 
O índice de difusão - que mede a disseminação
de altas no mês - recuou para 70% (71% no mês anterior). Excluindo-se o grupo alimentação, este indicador recuou para 69,1% (72,7% no mês anterior). 

Com ajuste sazonal, a difusão subiu para 67,9% (65,8% no mês anterior), enquanto excluindo-se os alimentos, recuou de 69,9% para 67,8%.
A inflação dos serviços nos últimos 12 meses continuou a oscilar em torno de nível bastante elevado, acumulando alta de 9,0%.

Nossa projeção preliminar para o IPCA de maio aponta variação em torno de 0,45%. 

Parte importante do recuo da taxa no mês se concentrará na
manutenção da desaceleração da alta dos alimentos. 

Se confirmada esta projeção, a taxa acumulada do IPCA em 12 meses subirá para cerca de 6,4%.

Em resumo, o IPCA se desacelerou em abril influenciado pelos alimentos e serviços, com resultado abaixo das expectativas. 

Os núcleos da inflação recuaram na margem, mas a trajetória de elevação de sua taxa acumulada em
12 meses, assim como a dos serviços e o elevado nível de disseminação das altas de preços continuam a apontar para um quadro bastante desfavorável da inflação. 

Nossa projeção para o IPCA de maio aponta variação em torno de 0,45%, com elevação da taxa acumulada em 12 meses de 6,3% para 6,4%.




segunda-feira, 28 de abril de 2014

Com juro alto, emissão de títulos públicos é a maior da história

Com os juros altos, em 11% ao ano, o maior nível desde o fim de 2011, e com as sinalizações do Banco Central de que a taxa pode não ser mais elevada, houve um volume recorde de venda de títulos públicos, principalmente prefixados (que têm a correção determinada no momento do leilão) ao mercado financeiro em março deste ano, informou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Fernando Garrido, nesta segunda-feira (28).
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No mês passado, o Tesouro Nacional emitiu R$ 57,97 bilhões em papéis ao mercado financeiro (em ofertas públicas), o maior valor da história, superando o recorde anterior, registrado em setembro de 2013 (R$ 52 bilhões), de acordo com o governo federal. Do volume total de emissões em ofertas públicas de março deste ano, R$ 36 bilhões foram em prefixados (com juros fixados no momento do leilão) e R$ 18 bilhões em pós-fixados (que acompanham a variação da taxa Selic).
Ao comprar títulos prefixados, em um momento de juros altos, os investidores continuam recebendo remuneração próxima à taxa básica de juros do momento atual (11% ao ano) até o vencimento dos papéis. Deste modo, "travam" um rendimento maior mesmo com um eventual recuo da taxa Selic, fixada pelo BC para controlar a inflação, nos próximos anos.
"Boa parte dessa demanda [por títulos públicos pelo mercado financeiro em março] é percepção dos investidores de que é um momento atraente para comprar títulos dadas as perspectivas do ciclo de política monetária [definição dos juros básicos por parte do Banco Central]. Boa parte [dos investidores] acredita que o ciclo de alta dos juros esta próximo do fim. É um momento interessante para comprar títulos públicos. O investidor pessoa física [por meio do Tesouro Direto] também está ententendo que é um momento positivo para compar de títulos", declarou Garrido, do Tesouro Nacional.
Os números do Tesouro Nacional mostram que as instituições financeiras foram as principais responsáveis pela forte demanda, e também pelo alto volume de emissão pelo governo federal, de títulos públicos em março deste ano. A participação dos bancos, no total da dívida pública, subiu para 29,68% em março, contra 28,96% em fevereiro. A participação dos fundos de investimento teve pequeno recuo, enquanto que a dos fundos de previdência registrou pequena alta. Os investidores não residentes, por sua vez, tiveram sua participação reduzida de 17,38% em fevereiro para 17,28% em março.

Lucro do Bradesco sobe 18% no 1º trimestre de 2014, para R$ 3,4 bilhões

O Bradesco encerrou o primeiro trimestre de 2014 com lucro líquido contábil de R$ 3,4 bilhões, um crescimento de 11,8% com relação ao resultado do quarto trimestre de 2013 e de 18% sobre o mesmo período do ano passado, divulgou nesta quinta-feira (24) o banco.
O lucro do Bradesco no primeiro trimestre de 2014 é o maior lucro da história do banco para um primeiro trimestre, de acordo com a consultoria Economatica. Comparando com os lucros históricos para o primeiro trimestre de todos os bancos brasileiros de capital aberto o resultado do Bradesco de 2014 é o terceiro maior lucro da historia do setor. O maior lucro histórico do setor é do Itau Unibanco, no primeiro trimestre de 2011, com R$ 3,530 bilhões, seguido pelo próprio banco em 2013, com R$ 3,482 bilhões, diz a consultoria.
No último trimestre de 2013, o lucro da instituição financeira foi de R$ 3,079 bilhões, perto do resultado dos três meses anteriores, de julho a setembro, quando ficou em R$ 3,064 bilhões. O banco anunciou ter registrado um lucro líquido contábil de R$ 12,011 bilhões em 2013.

O patrimônio líquido da instituição (a diferença entre a soma de bens e direitos e suas obrigações), em março de 2014, somou R$ 73,326 bilhões, 5,6% superior a março de 2013. Em 31 de março de 2014, o valor de mercado do Bradesco era de R$ 135,938 bilhões, diz o banco.

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A carteira de crédito expandida do banco (quanto o banco tem disponível para empréstimo) atingiu, em março de 2014, R$ 432,3 bilhões, com  evolução de 10,4% em relação ao mesmo período de 2013.

As operações de crédito com pessoas físicas totalizaram R$ 132,652 bilhões (crescimento de 11,5% em relação a março de 2013), enquanto as operações com pessoas jurídicas atingiram R$ 299,645 bilhões (crescimento de 9,9% em relação a março de 2013).

O índice que mede a inadimplência dos clientes superior a 90 dias recuou 0,6 ponos nos últimos 12 meses, e encerrou março em 3,4%, diz o banco.
Nos destaques de seu balanço o Bradesco informou, ainda, que os investimentos em infraestrutura, informática e telecomunicações somaram R$ 1,580 bilhão no 1º trimestre de 2014, com evolução de 46,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com relação aos impostos e contribuições, inclusive previdenciárias, pagos ou provisionados, eles somaram R$ 6,240 bilhões no período, sendo R$ 2,258 bilhões relativos aos tributos retidos e recolhidos de terceiros e R$ 3,982 bilhões com base nas atividades do banco.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Economia brasileira pisa no freio e avança 0,24% em fevereiro, segundo o BC



Com a desaceleração das vendas do comércio e da produção da indústria, o país pisou forte no freio e cresceu apenas 0,24% em fevereiro nas contas do Banco Central (BC). A expectativa dos analistas do mercado financeiro para o IBC-Br (índice do BC que mede a atividade no Brasil) era de uma expansão da economia de 0,3% no segundo mês do ano, ou seja, um ritmo mais lento da economia já estava previsto pelos analistas do mercado financeiro, mas ainda assim ficou abaixo do esperado.
Na comparação com o mês anterior, a desaceleração é forte: o dado de janeiro foi revisado de 1,26% para 2,35%. Em 12 meses, o índice acumula alta de 2,41%, segundo dados dessazonalizados. A projeção do mercado financeiro para o crescimento no ano está em 1,65%.
Para Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, o resultado de fevereiro é compatível com sua expectativa de desaceleração do PIB no primeiro trimestre deste ano. O economista projetava avanço de 0,2%.
IBC-Br é diferente do cálculo do PIB
"Esse resultado de fevereiro, mesmo que positivo, confirma a tendência de desaceleração do IBC-Br no início deste ano. Considerando-se a manutenção do atual patamar em março, o indicador aponta para crescimento de 0,50% no primeiro trimestre", diz ele, em relatório enviado a clientes na manha desta quarta-feira.
Armando Castelar, Coordenador de Economia Aplicada do IBRE/FGV e professor do Instituto de Economia da UFRJ, acredita que o dado de fevereiro é condizente com suas expectativas, de que o PIB do primeiro trimestre de 2014 vai avançar apenas 0,4% sobre os últimos três meses do ano passado. Ele afirmou que até mesmo a revisão para cima do dado de janeiro é compreensível, pois o IBC-Br tinha vindo muito fraco em dezembro e novembro e o resultado do primeiro mês de 2014 pode ter sido uma correção dos dados.
— Os dados do comércio também já mostram um consumo mais fraco, da mesma forma que os bancos públicos também devem crescer menos neste ano, os investimentos também terão ritmo menor de expansão e a indústria não deverá repetir o bom resultado do ano passado, muito influenciado pela produção de caminhões e máquinas agrícolas. Ou seja, o dado do BC está bem próximo do que estamos vendo — afirmou Castelar, que estima que o PIB do ano apresentará alta de 1,8%.



quarta-feira, 9 de abril de 2014

Show de Strippers no Asilo


Asilo é processado por contratar strippers para entreter idosos

Quando Franklin Youngblood foi visitar sua mãe, Bernice Youngblood, de 85 anos, no asilo onde mora, ficou surpreso ao ver um registro do que era uma noite de diversão no local. Na foto, em vez de a idosa estar costurando ou jogando baralho, como ele esperava, ela colocava uma nota de dinheiro na cueca de um stripper, que fazia um show particular para as velhinhas.

O jornal norte-americano New York Post noticiou na última terça-feira que Franklin deu entrada em um processo contra o asilo East Neck Nursing and Rehabilitation Center, em Long Island, devido à festinha particular. De acordo com o texto, a família da idosa se queixou com a equipe da instituição, mas foi ignorada. “Bernice Youngblood foi colocada em uma situação de perigo físico iminente, já que estava confusa e perplexa diante de um homem musculoso e seminu se aproximando dela”, afirma o processo.

Franklin encontrou a foto em janeiro deste ano. Uma enfermeira teria dito ao filho de Bernice que aquele era um “evento de entretenimento” para os pacientes, organizado de “boa fé”. “Ela viveu 85 anos como uma batista tradicional, uma senhora muito trabalhadora... E, agora, foi contaminada”, disse um dos advogados da família, John Ray.


Festinha foi idealizada pelas idosas

Segundo o New York Post, as velhinhas não são tão inocentes quanto Franklin gostaria de acreditar. O advogado do asilo alega que foram as idosas que organizaram a festa e contrataram o stripper. Um grupo de 12 pacientes liderou a iniciativa e ajudou a custear o show do rapaz, de US$ 250 — cerca de R$ 550.

“A casacasahttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.pngtem um grupo de 16 residentes que realmente votaram para fazer esse evento”, disse Howard Fensterman, o advogado do asilo. “Elas receberam bem (o evento), e parece que curtiram bastante”, concluiu.

Franklin, contudo, insiste que foi a equipe do asilo que contratou o profissional, para seu “prazer perverso”. Na última terça, ele levou sua mãe para dar entrevistas e insistiu que ela foi degradada pela convivência no local. Com a voz trêmula, a idosa disse que sentiu “vergonha” de fazer parte da festinha.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Copom sobe juros para 11% ao ano, acima do nível do início do governo


Preocupado com a persistência da inflação em patamares mais altos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) subiu nesta quarta-feira (2) a taxa básica de juros da economia brasileira pela nona vez seguida. A Selic passou de 10,75% para 11% ao ano – uma alta de 0,25 ponto percentual, em linha com o consenso das apostas do mercado financeiro.

Com o novo aumento, os juros ficaram acima do patamar vigente no início do governo Dilma Rousseff, em 2011 – quando estavam em 10,75% ao ano. Assim, todo corte dos juros feito pelo BC no governo da presidente (a taxa chegou à mínima histórica de 7,25% ao ano, entre outubro de 2012 e abril do ano passado) não só foi "devolvido", como superado. A taxa Selic vem subindo desde abril de 2013.

 

A subida dos juros vai na contramão de uma das principais marcas do governo Dilma Rousseff na área econômica: mesmo defendendo o controle da inflação, a presidente destacou, por diversas oportunidades nos últimos anos, a queda dos juros básicos, e também pressionou os bancos a reduzirem suas taxas aos consumidores.

A expectativa dos economistas dos bancos é de que a elevação dos juros de hoje não seja a última do ano. A previsão é de, pelo menos, mais um aumento em 2014 – para 11,25% ao ano.

Ao fim do encontro, o BC divulgou a seguinte frase: "O Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em 0,25 p.p., para 11,00% a.a., sem viés. O Comitê irá monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Nos quatro últimos anos, o IPCA oscilou ao redor de 6% - distante da meta central de 4,5% e mais próximo do teto do sistema de metas de 6,5%. Em 2010, a inflação somou 5,91%, passando para 6,5% em 2011, para 5,84% em 2012 e para 5,91% no ano passado.

Para este ano, o Banco Central estimou, na semana passada, por meio do relatório de inflação, que o IPCA fique entre 6,1% e 6,2%. O valor é menor do que a expectativa do mercado financeiro, para quem a inflação deverá somar 6,3% em 2014.

Inflação Resistente
No fim de março, o BC avaliou, por meio do relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano, que, apesar da "moderação observada na margem" (últimos resultados), a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses "contribui para que a inflação ainda mostre resistência, que, a propósito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava".

O BC também avaliou que uma "fonte relevante de risco para a inflação reside no comportamento das expectativas de inflação, impactadas negativamente nos últimos meses
pelo nível da inflação corrente, pela dispersão de aumentos de preços e pelas incertezas que cercam a trajetória de preços com grande visibilidade, como o da gasolina e os
de alguns serviços públicos, como eletricidade".

A autoridade monetária também subiu, no fim de março, de 4,5% para 5% sua projeção para os chamados "preços administrados" - que contemplam, entre outros, ônibus interestaduais, energia elétrica residencial, água, planos de saúdehttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png, serviços farmacêuticos e telefonia e gasolina - neste ano. Em 2013, os preços administrados subiram bem menos: 1,5%.

Para economistas, governo está preocupado com teto de 6,5%
O professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian, observou que o Banco Central apontou, em seu último relatório de inflação, as consequências dos efeitos climáticos sobre os preços dos alimentos e da energia ao mesmo tempo que destacou os efeitos defasados da política monetária (alta dos juros) sobre a inflação.

"Pressões inflacionárias decorrentes do setor de serviços e do preço dos alimentos que podem contaminar as expectativas de inflação exigirão uma política monetária contracionista [altas de juros] para evitar que a inflação ultrapasse o teto da meta em 2014 [de 6,5% vigente no sistema de metas]”, acrescentou o economista.

O coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Reginaldo Gonçalves, também avaliou que o governo está preocupado com a possibilidade de extrapolar a meta máxima de inflação de 6,5% em 2014. Por isso, segundo ele, o Copom subiu novamente os juros nesta quarta-feira.

Flavio Combat, da corretora Concórdia, observou que o impacto negativo da estiagem deve continuar prejudicando a produção agrícola nos próximos meses, diante do início do período seco - com condições climáticas que podem ser até mais adversas. Avaliou ainda que, apesar da queda recente do dólar, que favorece a dinâmica dos preços, a principal fonte de pressão por alta do dólar continua vigente: a retirada gradual de estímulos monetários nos Estados Unidos