quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mulheres se estressam mais com noticiários sobre fatos violentos

São quase dois anos e, até hoje, a tragédia de Realengo permanece viva na memória de Evânia José Rodrigues.
A mulher de 35 anos não é parente de nenhuma das 12 vítimas.
Eram quase 11h daquela quinta-feira de abril e ela pagava as contas em um banco do Distrito Federal quando viu, nos noticiários, o massacre em uma escola municipal da Zona Oeste carioca. “Saí do banco correndo e fui parar na porta da escola da minha filha, fiquei esperando lá até meio-dia, quando a aula dela acabava.
Me deu um nó na garganta muito forte, um aperto no peito, é inexplicável”, conta. Grávida do terceiro filho, a mineira revela com lágrimas nos olhos que, quando o assunto dos jornais é violência contra crianças, não há como se conter. “Às vezes, o assunto fica por dias na minha cabeça.
Fico apavorada, me coloco no lugar das famílias e não sei o que faria se fosse com as minhas filhas”, explica
Não é raro ver mães, avós, tias, namoradas e amigas repetindo por muito tempo aquela tragédia que virou manchete nos noticiários. Entretanto, o que já era observado no dia a dia virou tema de investigação científica. Publicado na revista Plos One, um estudo da Universidade de Montreal, no Canadá, mostrou que as mulheres ficam mais estressadas do que os homens ao assistirem às notícias negativas veiculadas na mídia. Além disso, elas tendem a se lembrar de mais detalhes do acontecimento e por um período de tempo maior.

Para chegar ao resultado, foram recrutados 30 homens e 30 mulheres com 18 a 32 anos. De forma aleatória, eles foram divididos para que uma metade pudesse ler, em diferentes momentos, notícias neutras e a outra, notícias negativas, que podiam ser sobre assassinatos, incêndios, acidente de carro, crimes, crise econômica, entre outros temas. Após 10 minutos dessa primeira fase de leitura, todas as pessoas foram submetidas a um teste com estímulos estressores, como ter de falar em público, realizar testes matemáticos e simular uma entrevista de emprego. Entre o intervalo de cada uma das atividades, foram colhidas amostras de saliva para poder medir o nível de cortisol liberado

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