sexta-feira, 24 de abril de 2015

De olho em clientes ricos, bancos brasileiros crescem em Miami


Itaú, BTG e XP expandem equipes no Sul da Flórida
MIAMI - Brasileiros ricos que procuram escapar da recessão, dos escândalos de corrupção e da turbulência política têm feito de Miami seu destino preferido. Agora, alguns dos maiores bancos do país estão com o mesmo fascínio.
O Itaú Unibanco, que é o patrocinador principal do torneio de tênis de Miami, tem como meta alcançar US$ 12 bilhões em ativos sob gestão em private banking na cidade americana até dezembro, um aumento de 9%. O Grupo BTG Pactual está abrindo uma unidade de gestão de ativos na cidade do Sul da Flórida e a XP Investimentos, que criou um escritório em Miami no ano passado, está contratando funcionários.
— Toda semana recebo uma ligação de algum brasileiro tentando encontrar uma forma de viver em Miami — disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa latino-americana da Andbanc Brokerage. — No Brasil, pessoas de alta renda precisam de carro blindado e segurança. Em Miami, eles podem viver e passar suas férias mais livremente, mostrando seus barcos, carros da moda e casas.
Essas pessoas vão precisar de gestores de suas fortunas por perto. O Itaú, que expandiu a equipe da corretora e da área de private banking em Miami em cerca de 15% nos últimos três anos, para 160 pessoas, está contratando mais cinco pessoas em 2015, segundo Frances Sevilla-Sacasa, responsável pela unidade. A XP tem cerca de 20 funcionários em Miami e planeja contratar mais cinco neste ano, segundo o sócio Bernardo Amaral. O BTG preferiu não comentar.
Os bancos brasileiros que estão crescendo na Flórida encontram o caminho aberto deixado pela saída de concorrentes internacionais. O Royal Bank of Canada decidiu fechar sua divisão de gestão de fortunas na América Latina, incluindo seus negócios em Miami, em 2013, porque as baixas taxas de juros internacionais e os custos crescentes impedem o banco de cumprir suas metas de desempenho, disse Claire Holland, porta-voz do banco com sede em Toronto. O Barclays, que tem sede em Londres, fechou o private banking em Miami como parte da estratégia de focar em outros 70 mercados, disse a porta-voz Kerrie Cohen em um comunicado enviado por e-mail. O BNP Paribas, maior banco da França, disse no ano passado que venderia sua unidade de private banking em Miami.
A XP, cujos clientes de gestão de riquezas têm pelo menos US$ 200 mil para investir com a empresa, aproveitou essas saídas, abocanhando clientes e funcionários de concorrentes que foram embora da cidade, disse Amaral. No início deste mês, a XP contratou Tulio Gargantini e Gabriel Jafet, ambos ex-executivos do RBC e do Barclays, como diretores dos negócios de gestão de riqueza em Miami.
RESIDENTES AMERICANOS
O Itaú, cujos clientes da divisão de gestão de riquezas em Miami geralmente contam com mais de US$ 1 milhão em ativos líquidos, expandiu suas operações na cidade em 2006, com a aquisição do BankBoston, que era do Bank of America, e em 2007, com a compra dos ativos latino-americanos de private banking do ABN Amro Bank em Miami.
Mais recentemente, o Itaú transferiu sua operação de private banking de Luxemburgo para a Suíça e a Miami. O banco possui cerca de US$ 20 bilhões em ativos sob gestão fora do Brasil.
— Os brasileiros descobriram que Miami é um lugar muito interessante para morar, passar férias, ter uma segunda casa — disse Sevilla-Sacasa. — Algumas pessoas estão fazendo negócios por aqui e trazendo suas famílias para que se tornem residentes.
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O Itaú não pode trabalhar com clientes residentes nos Estados Unidos hoje por questões regulatórias, mas poderá mudar tudo isso no futuro se a empresa decidir realizar ajustes em resposta ao aumento da demanda.
— Muitos clientes nossos têm apartamento ou casa em Miami e passam um tempo na Flórida, mas não um tempo suficiente para serem considerados residentes americanos — disse Sevilla-Sacasa. —Isso pode mudar no futuro.
A taxa de criminalidade do Brasil pode convencer mais pessoas a fazerem a mudança de vez. O país teve 23,7 homicídios para cada 100 mil moradores em 2013, segundo os dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, enquanto nos EUA a taxa foi de 4,5, segundo o FBI. No estado de São Paulo, o mais rico do país, os casos de roubos aumentaram 21% em 2014, para 309.948, número mais elevado dos últimos 14 anos, enquanto os homicídios caíram 3,4%, para 4.294, segundo a Secretaria Estadual de Segurança




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